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“A preocupação atual é estética”, desabafa o chef Toshi Akuta sobre a gastronomia brasileira

Por Minha Receita

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Toshi Akuta reverencia a cozinha antes de cada serviço — um gesto breve, silencioso, que diz tudo sobre sua relação com o ofício. Com mais de quinze anos de experiência em restaurantes como D.O.M, Ban e Izakaya Matsu, além de formação como Sake Expert, ele encontrou no calor da cozinha quente japonesa o espaço ideal para desenvolver uma gastronomia precisa, autoral e livre de afetações. 

À frente do Otoshi Izakaya desde 2023, o chef presta homenagem ao espírito dos botecos japoneses, mas sem deixar de lado o rigor no preparo. De sua cozinha saem petiscos cheios de personalidade – como a raiz de bardana em fios com cenoura refogada em dashi e o tofu com pepino, ameixa japonesa e raspas de peixe –, assim como se destacam os grelhados executados com precisão: panceta, cupim, língua e brisket de wagyu. 

Na contramão dos pratos milimetricamente montados para as redes sociais, Akuta defende que um bom restaurante deve, acima de tudo, restaurar – missão que sabe cumprir bem.

⁠Que prato te remete à infância e te faz sentir em casa?

O Sukiyaki. Eu me lembro demais da minha família sentada na mesa e todos cozinhando juntos numa panela.

Como você define a culinária brasileira?

A culinária brasileira, para mim, é um grande coração que aceita todo mundo. Ela tem uma grande diversidade de pescados, carnes, frutas, legumes, e tudo é feito com muita técnica e um cuidado que só o Brasil poderia oferecer.

⁠Que ingrediente nunca falta na sua geladeira e por quê?

Shoyu! Está sempre espalhado pela cozinha, na geladeira, na sala… uso para quase tudo!

⁠Pode compartilhar um truque de cozinha seu?

Sempre que consigo, preparo caldos de legumes ou dashi e congelo em forminhas de gelo. Quando preciso dar uma profundidade de sabor na comida, coloco esses caldos – congelados, mesmo – no lugar da água.

⁠Você tem algum ritual antes de começar a cozinhar, e alguma mania enquanto cozinha?

Antes de cozinhar eu sempre faço uma reverência. É uma forma de respeito pela cozinha e por todos que me fizeram chegar aonde cheguei. Uma mania que tenho é ficar limpando a tábua de corte toda hora, não consigo evitar.

⁠Qual é a trilha sonora ideal para um dia cheio na cozinha?

Tank!, da banda de jazz japonesa Seatbelts.

⁠Cite uma combinação de sabores pouco usual de que você gosta.

Eu amo porco com wasabi, acho uma combinação maravilhosa.

⁠Se você pudesse cozinhar para qualquer pessoa (viva ou não), quem seria e o que prepararia?  

Gostaria muito de cozinhar para o diretor Hayao Miyazaki, e prepararia para ele um chawanmushi.

⁠Qual foi a melhor dica ou conselho relacionado ao mundo da gastronomia que você já recebeu?

A melhor dica que recebi foi de ser um bom ouvinte – isso faz toda a diferença na cozinha.

⁠Como você enxerga o futuro da gastronomia brasileira?

Estou um pouco preocupado, porque vejo que tem muita coisa abrindo, mas com pouca atenção para o que é um restaurante. A preocupação atual é estética, e não para o comensal se sentir restaurado e confortável.

⁠Indique três dos seus restaurantes favoritos no Brasil.

Três restaurantes que eu amo são o Hamatyo, em São Paulo; o Taperebar, em Belém; e o Clan BBQ, no Rio de Janeiro.

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