Por Minha Receita
Seja em barraquinhas de rua ou restaurantes estrelados, as sobremesas asiáticas vêm conquistando cada vez mais brasileiros que desejam sair do roteiro batido da culinária do leste. Na carona da cultura pop oriental, que vai de K-dramas a clipes musicais, formou-se um terreno fértil para conectar confeiteiros criativos a um público ávido por explorar sabores para além do sushi.
Além disso, esses doces carregam séculos de tradição e técnicas – e, na era dos cliques e compartilhamentos, têm um apelo visual inegável. Conheça alguns dos mais populares a seguir.
Mochi (Japão)

Pequeno, macio e elástico, o mochi é associado à longevidade e à prosperidade no Japão e marca presença em festividades como nascimentos, casamentos e a virada do ano. Feito a partir de arroz glutinoso socado e moldado, costuma ser recheado com feijão azuki ou cremes de frutas, equilibrando textura e sabor.
Em versões contemporâneas, incorpora ingredientes como chá verde, morango, manga e chocolate, e uma de suas variações mais populares vem recheada com sorvete, combinando sua casca elástica com um interior gelado e cremoso.
Bingsu (Coreia do Sul)

Leve como a neve e primo distante da nossa raspadinha, o bingsu é puro refresco em forma de raspas de gelo finíssimas, combinadas a coberturas variadas como caldas, frutas frescas, leite condensado e até pedacinhos de bolo – o legal é deixar a criatividade fluir.
Sua tradição remonta ao período da Dinastia Joseon (1392–1897), quando blocos de gelo eram armazenados para servir à realeza durante os meses mais quentes. Com o tempo, a receita evoluiu, ganhando versões populares e reinvenções modernas – hoje, a mais icônica é o patbingsu, que tem o feijão doce vermelho como protagonista. Um clássico do verão sul-coreano, o bingsu vem fazendo sucesso no Brasil por ser uma alternativa saborosa às sobremesas geladas convencionais.
Cendol (Sudeste Asiático – Malásia, Indonésia, Tailândia e Vietnã)

Simples na composição, mas rico em contrastes, o cendol é uma das sobremesas mais populares do Sudeste Asiático, com origem disputada entre países como Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. Servido gelado e geralmente consumido como bebida, ele combina leite de coco, açúcar de palma ou mascavo e fios verdes de arroz ou pandan (folha aromática levemente adocicada), que dão um toque visual e de sabor únicos.
O resultado é uma mistura cremosa, refrescante e ligeiramente caramelizada, perfeita para amenizar o calor intenso da região. Além de ser um doce prático, geralmente servido em copos com canudo, o cendol é um excelente exemplo de como ingredientes simples podem ser transformados em algo memorável.
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Mooncake (China)

Símbolo de uma das celebrações mais importantes da cultura chinesa, o mooncake (bolo da lua) é ligado ao Festival do Meio do Outono, festividade milenar que ocorre entre setembro e outubro, durante a lua cheia mais brilhante do ano. Pequeno, mas denso, o bolinho possui uma casca fina e macia, geralmente feita de massa de trigo, e um recheio rico que pode incluir pasta de feijão vermelho, pasta de lótus e até uma gema de ovo salgada, representando a lua cheia. Versões modernas incluem recheios de chocolate e chá verde. Os mooncakes costumam trazer desenhos intrincados em sua superfície, com símbolos chineses que remetem à harmonia e à prosperidade.
Bubble tea (Taiwan)

Poucas bebidas tiveram uma ascensão tão meteórica quanto o bubble tea. Criado em Taiwan nos anos 80 e adotado pelos jovens, esse chá adoçado com leite e as famosas pérolas de tapioca rapidamente conquistou o mundo, com franquias especializadas em megalópoles como Nova York e São Paulo. O segredo do sucesso é a combinação única de texturas e a versatilidade dos sabores. Com opções que vão do chá-preto clássico ao matcha, passando por versões frutadas e combinações com café, o bubble tea é uma experiência sensorial – muito graças às pérolas de tapioca, cozidas até atingirem uma consistência mastigável e ligeiramente elástica. Outras variações populares incluem cubos de gelatina, esferas explosivas de suco (popping boba) e pedaços de frutas.
Halo-halo (Filipinas)

Uma das sobremesas mais emblemáticas das Filipinas, o halo-halo, cujo nome significa “mistura-mistura” em tagalo, é uma explosão inusitada de cores, texturas e sabores que desafia qualquer definição. Tradicionalmente servido em copos altos ou tigelas grandes, pode incluir frutas cristalizadas, feijão doce, tiras de coco, tapioca, milho, arroz tufado, gelatina e leite evaporado, tudo servido sobre gelo picado.
Apesar da aparente informalidade, o halo-halo tem raízes profundas na história e na cultura de seu país: ele remonta ao período colonial japonês (anos 20 e 30), quando imigrantes trouxeram uma sobremesa similar, o kakigori, feito de gelo raspado e adoçado com feijão doce. Com o tempo, os filipinos adicionaram ingredientes locais e criaram receitas cada vez mais elaboradas, tornando o halo-halo um símbolo da diversidade de influências gastronômicas do arquipélago. Uma coisa é certa: não existe um halo-halo igual ao outro — e essa é exatamente a graça.
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Explorar as sobremesas asiáticas é também percorrer um mapa de rituais, técnicas e referências culturais que moldaram a confeitaria do outro lado do mundo. Cada receita nasce de um contexto — seja ele ancestral, como o mooncake e sua relação com os ciclos lunares, ou resultado da globalização recente, como o bubble tea e suas adaptações. O que une esses doces, além do sabor marcante e de serem visualmente instigantes, é a capacidade de atravessar fronteiras sem perder as raízes.